Os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) se alinharam e elegeram dois temas comuns a serem apresentados durante o 8º Fórum Mundial da Água: 1) “gestão de bacias hidrográficas” e 2) “Uso da água”.
Os representantes dos nove países da CPLP reuniram-se em Lisboa no final de julho para discutir uma pauta comum a todos e preparar posições conjuntas e homogêneas a serem levadas ao 8º Fórum Mundial da Água, que acontecerá em Brasília em 2018. Os países membros elegeram a gestão compartilhada de bacias hidrográficas e os múltiplos usos da água como os temas principais a serem apresentados pelo bloco.
Mesmo buscando temas comuns, o diretor de Cooperação da entidade, Manuel Clarete Lapão, chamou a atenção para o fato de que os países-membros têm realidades “muito díspares” quanto à água. Como exemplo ele citou Portugal e Cabo Verde que enfrentam realidades sérias e preocupantes, ligadas à escassez. No contraponto ele mencionou Brasil, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau países que, de acordo com ele, possuem uma outra realidade, com maior disponibilidade de recursos hídricos.
Na visão dos países da CPLP, gestão compartilhada de bacias e disputas transfronteiriças serão temas muito presentes no Fórum. Como situação de interesse específico da CPLP foi elencado o caso de Portugal e Espanha e suas negociações por recursos hídricos em suas fronteiras. Ainda durante este evento também se elegeu o tema “gestão e uso da água” como um dos mais pertinentes à realidade de cada país.
Os países da CPLP discutiram o papel de cada um e suas ações em função do ODS 6 (Objetivo do Desenvolvimento Sustentável número 6) que versa sobre “água limpa e saneamento”. Lapão ressaltou a importância de que os países estejam atentos à essa agenda proposta pela ONU e sugeriu a promoção e troca de boas práticas e informações entre eles, principalmente durante o Fórum.
Durante a reunião em Lisboa, a CPLP reafirmou seu compromisso com o direito humano à água e ao saneamento como um princípio orientador da cooperação. Comprometeu-se a elevar o nível de conhecimento do potencial hídrico dos membros e fortalecer as capacidades institucionais através da criação ou aperfeiçoamento de quadro legal que defina claramente o mandato das instituições, meios materiais e infraestruturas adequadas e capacitação de pessoal.
Desenvolver e aprimorar serviços ambientais para a preservação de ecossistemas aquáticos e promover ações de educação ambiental direcionadas para a conservação de ecossistemas aquáticos são outras medidas defendidas e anunciadas.
Em setembro, os países deverão voltar a reunir-se, em Brasília, para continuar a trabalhar para a posição comum do grupo lusófono.
O oitavo Fórum Mundial da Água acontece pela primeira vez no hemisfério sul, na capital brasileira de 18 a 23 de março de 2018.