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Sumário da água

Blog da REBOB

A mulher na gestão das águas em Mato Grosso do Sul.




A água é um alimento. Sendo tão benéfica quanto essencial. Tratá-la com  desprezo é, no mínimo, falta de bom senso e desrespeito à vida. 


Sendo a água elemento essencial, merecedora de cuidados, fui abduzida, mergulhei na causa da estruturação dos Colegiados para a gestão das águas no  Estado de Mato Grosso do Sul. Para tanto, se depreendeu e empreendeu grande  esforço e dedicação. 

Mato Grosso do Sul é um Estado Brasileiro em desenvolvimento e ocupa a  décima posição no ranking de melhor qualidade de vida com IDH de 0,729 (IBGE, 2010), considerado alto, se comparado com outros estados do país. Se  destaca ainda no ranking de Sustentabilidade Ambiental, ocupando a 12  posição1. 


Possui variedade de atributos naturais (água, solo, relevo, vegetação e fauna),  que se integram formando os biomas do Cerrado (região de planaltos) e do  Pantanal (região de planícies). A hidro geografia deste Bioma é formada pelas bacias hidrográficas do Paraná e do Paraguai. 


A Bacia Hidrográfica do Paraná, tem como afluente no Estado de Mato Grosso  do Sul, o rio Pardo que banha o Estado fazendo a divisa com o estado de São  Paulo. Por seu lado, a bacia hidrográfica do Paraguai, que compõe o Bioma  Pantanal2, está presente, além do Brasil, nos territórios do Paraguai, da  Argentina e da Bolívia. A união das bacias hidrográficas do Paraná, Paraguai e  Uruguai é denominada de Bacia Platina. 


A gestão desses biomas, acarreta ao Governo, em nível Federal, Estadual e  Municipal, grande responsabilidade, carteira fundiária e esforço de pessoas. 


Para a conservação e preservação do Pantanal, considerado a maior planície  alagável do Planeta, se fez necessário convênios e parcerias. Dentre outros, o  convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, com a necessidade  do desenvolvimento do Projeto GEF-Pantanal3, foram desenvolvidas muitas  ações na área ambiental no Estado de Mato Grosso do Sul, inclusive a realização  de concursos públicos para contratação de servidores Públicos. 


No certame do concurso público realizado pelo Estado no ano de 2001, tive  aprovação para a atuação no Instituto de Meio ambiente Pantanal – IMAP 

  

1 Disponível em: https://www.imasul.ms.gov.br/Geral/sustentabilidade/page/2. Acesso em 30/07/2023. 2 Com área total de 150.355 Km², é partilhada por três países – Brasil, Paraguai e Bolívia. se situa na  região Centro-Oeste e está inserido na bacia do Rio Paraguai. As paisagens pantaneiras formam um grande  mosaico que, mesmo ocupado há mais de 250 anos, abriga grande diversidade de espécies de plantas e  animais adaptados à dinâmica do clima e aos pulsos de inundação da região. Disponível em  


3 GEF discute projetos brasileiros, disponível em https://www.gov.br/mma/pt-br/noticias/gef-discute projetos-brasileiros. Acesso em 30/07/2023.

instituído pela Lei 2.152 de 26 de outubro/2000, atualmente, Instituto de Meio  Ambiente de Mato Grosso do Sul - IMASUL, instituído pelo Decreto nº 16.228,  de 7 de julho de 2023, autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Meio  Ambiente, presentemente, Secretaria de Estado de Meio Ambiente,  Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação - SEMADESC. O IMASUL, por  intermédio da Gerência de Recursos Hídricos – GRH/IMASUL, desenvolve a gestão ambiental propondo e executando políticas e ações que visem ao  desenvolvimento sustentável em Mato Grosso do Sul.

 

No escopo das ações desenvolvidas pelo IMASUL, estão previstos, dentre  outros, programas e projetos que contemplam a biodiversidade, os recursos  hídricos, o controle ambiental e a educação ambiental, em atenção ao  estabelecido no plano de gestão para o meio ambiente do Estado. 


DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES: 


Portanto, na função de Gestora e Fiscal Ambiental, lotada na GRH/IMASUL,  atuei para a estruturação dos Colegiados de Recursos Hídricos no Estado. Os  trabalhos por mim desenvolvidos, ocorreram entre os anos de 2001 a 2005,  espaço temporal de minha atuação na GRH. 


As ações abaixo registram os passos percorridos com muita resiliência,  nomeadamente pela ausência do conhecimento metodológico para a  implantação de uma política descentralizada e participativa e ainda os entraves  burocráticos existentes no setor público. Neste cenário, houve um pacto entre a  equipe de trabalho, “vamos em frente apesar dos pesares”.  


Conforme o exposto, junto aos envolvidos, tive participação ativa conforme a  descrição abaixo: 


Em reuniões junto à Diretoria Provisória para a instalação do Comitê de Bacia  Hidrográfica do Rio Paranaíba, rio de nível Federal no âmbito de gestão  compartilhada. O CBH Paranaíba é de Integração (formado por membros dos  Comitês de Bacias Hidrográficas dos afluentes do Rio Paranaíba nos Estados  de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) – Decreto de 16  de julho de 20024. Após intenso processo de mobilização, o Comitê foi instalado  em 10 de junho de 2008. 


Reuniões, fóruns e oficinas de trabalho para a implantação dos organismos  colegiados no Estado de Mato Grosso do Sul. Com o advento da promulgação  da Lei nº 2.406, de 29 de janeiro de 2002, que instituiu a Política Estadual dos  Recursos Hídricos, criou o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos  Hídricos para atualização e aplicação do Plano Estadual dos Recursos Hídricos,  congregando órgãos estaduais, municipais e a sociedade civil, para atender aos  princípios constantes da Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul e  legislações decorrentes e complementares, tendo como prioridade implantar os  

  

4 Disponível em:  

https://cbhparanaiba.org.br/uploads/documentos/Decreto_de_Criacao/Decreto_Criacao_CBH_Paranai ba.pdf - (Publicado no Diário Oficial de 17 de julho de 2002). Acesso em 29/07/2023.

princípios, objetivos e instrumentos da Lei Nacional de Recursos Hídricos nº  9.433, de 08 de janeiro de 1997, que estabeleceu um arcabouço institucional  claro, apresentando novos tipos de organizações para a gestão compartilhada  do uso da água. 


O arranjo institucional em nível Estadual é composto entre outros pela Secretaria  de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e o Conselho Estadual de  Recursos Hídricos, sendo o Órgão mais elevado na hierarquia do Sistema  Estadual de Recursos Hídricos, ao qual cabe decidir sobre as questões do setor,  além de dirimir dúvidas e solucionar conflitos pelo uso da água. 


Após um amplo trabalho, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH,  foi regulamentado pelo Decreto nº 11.621, de 1 de junho de 2004. - Alterado pelo Decreto nº. 14.217 de 17 de junho de 2015, e Decreto nº 15.079 de 09 de outubro  de 20185


Em paralelo aos trabalhos de elaboração documental, no qual atuei em várias  frentes para a consolidação do CERH, desenvolveu-se extensa atividade na  propositura para a implantação dos Comitês de Bacias Hidrográficas no Estado.  A base legal para a implantação dos organismos colegiados no Estado, tem  acento no artigo 236 da Constituição Estadual de outubro de 1989, onde  determina que Estado celebrará convênios com os Municípios para a gestão, por  estes, das águas de interesse exclusivamente local, condicionada à Política e às  diretrizes estabelecidas em Planos Estaduais de Bacias Hidrográficas, de cuja  elaboração participarão os Municípios. Junta-se o artigo 3º da Lei Estadual de  Recursos Hídricos nº 2.406 de 29 de janeiro de 2002, determina que a gestão  dos Recursos Hídricos do Estado será descentralizada e deverá contar com a  participação do Poder Público, dos usuários e da Comunidade, bem como  atender as premissas da Lei Federal de Recursos Hídricos, nº. 9433/97. 


INSTALAÇÃO DOS COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS – CBH,s 


As demandas de trabalho ocorreram tanto para as bacias hidrográficas das  macros bacias do rio Paraná, como para a bacia do rio Paraguai. 


O preceito foi a mobilização social para gestão das águas, sendo imprescindível  o desencadear do processo de sensibilização através de visitas a todos os  seguimentos sociais existentes na bacia: Prefeituras, Entidades públicas e  privadas e entidades ligadas ao meio ambiente. 


As visitas ocorreram com o envolvimento dos representantes das instituições,  tendo como pauta, a necessidade estruturação do Comitê da Bacia, sendo este  o parlamento para resolver os problemas locais, sanar as lacunas, definir  atribuição de papeis para evitar sobreposições de competências. 


A mensagem deixada aos diferentes setores objetivava a formação do Comitê  da Bacia, o qual teria a competência para compatibilizar o uso e a proteção das  águas, assim como, disciplinar as ações antrópicas. Portanto, o Comitê se  estabelece em ações participativas visando o desenvolvimento sustentável. 

  

5 Disponível em https://www.imasul.ms.gov.br/recursos-hidricos/conselho-estadual-de-recursos hidricos-cerhms. Acesso em 29/07/2023.


COMITÊS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO PARANÁ 


• Micro Bacia hidrográfica do Ivinhema 

Atuação no grupo técnico para promover a divulgação e a mobilização social no  processo de instalação do Comitê de Bacia do rio Ivinhema visando garantir a  ampla participação dos diversos segmentos da sociedade, divulgar a Política  Nacional e Estadual de Recursos Hídricos com vistas à instalação do Comitê de  Bacia Hidrográfica do rio Ivinhema. Mobilizar os setores da sociedade civil,  usuários e das instituições públicas que atuam na Bacia; promover o suporte  necessário para garantir a participação dos diversos setores que irão constituir  o Comitê do Ivinhema, no processo de habilitação e eleição de seus  representantes. 


• Micro Bacia hidrográfica do Dourado 

Participação nos Grupos de Trabalho e grupo Técnico para processo de  instituição do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Dourados, com o apoio das  Prefeituras de Ponta Porá, Dourados e Caarapó (2005). 


• Micro Bacia hidrográfica do rio Pardo 

Participação nos Grupos de Trabalho e grupo Técnico para processo de  instituição do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo. 


COMITÊS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO PARAGUAI 


• Micro Bacia hidrográfica do Miranda 

Para o fomento à instalação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Miranda,  foram, junto ao Grupo de Mobilização, Elaboração de documentos e  mapeamento Institucional, Organizacional e de Conflitos, realizados várias  reuniões, oficinas. Tento o arcabouço metodológico desenvolvido pelo consultor  Mauri Cezar Barbosa Pereira, contando com a parceria do WWF - representante  – Ângelo J. R. Lima; Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul – FAMASUL - representante: Lincon Curado; o Consórcio Intermunicipal para o  Desenvolvimento Integrado das Bacias dos Rios Miranda e Apa – CIDEMA, 


parceria da MUPAN – Mulheres em Ação no Pantanal, e demais Entidades  elencadas na Resolução SEMA n° 039, de 13 de setembro de 20056.

 

• Micro Bacia hidrográfica do Apa 


Participação no grupo técnico com elaboração de pauta para a realização de  Reuniões com o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento Sustentável e  Gestão Integrada e Compartilhada da Bacia do Rio Apa, e da Câmara Técnica  de Gestão de Recursos Hídricos Transfronteiriços, realizadas em Bela Vista/MS 

em 2004. 

  

6 publicada no DOE n° 6568, em 14.09.05, pág. 1.

Por fim, a conscientização da comunidade regional visa fortalecer sua  capacidade de autodeterminação em relação à solução de seus problemas. Para  que, mobilizados possam promover um uso sustentável dos recursos naturais  em toda a extensão da Bacia Hidrográfica. 


Registrei minha trajetória na gestão Ambiental no Estado de Mato Grosso do Sul,  minhas pegadas estão fincadas na formação dos Colegiados de Gestão dos  Recursos Hídricos, trabalhei com afinco para promover o debate das questões,  hídricas, dirimir conflitos, para que os moradores da Bacia Hidrográfica mobilizados, atuem em prol de um planeta ambientalmente e sociologicamente  saudável. Tarefa difícil, contudo, é uma causa sem volta, continuo até os dias de  hoje atuando para que tenhamos água em quantidade e qualidade, e assim  garantir a vida no Planeta.


Maria Antonia Barros Freire Silva 


Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Mato  Grosso do Sul (1999). Especialista  em Gestão e Planejamento Ambiental pelo Centro Universitário  de Campo Grande (2005).  Capacitação em Gestão dos  Recursos Hídricos pela Universidade  Estadual de Maringá-UEM (2008),  Especialização em Docência no  Ensino Superior pelo CESUMAR  (2010). Coordenadora de Projetos  Ambientais do Centro Universitário  de Maringá- CESUMAR  (2007/2012). Atualmente é fiscal  ambiental do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul IMASUL com atuação no Instituto  Água e Terra-IAT/Paraná – Escritório  Regional de Maringá-ERMAG.





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