Diretor interino da ANA destaca importância da Rede Hidrometeorológica Nacional e de investimentos no monitoramento das águas em painel do 33º CBESA
- amandachicattomkt
- 30 de mai.
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O diretor interino da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) Marcelo Medeiros participou do Painel F8 – Rede de Monitoramento dos Recursos Hídricos: Importância do Âmbito da Universalização. Nesse debate do 33º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (CBESA), que acontece no Ulysses Centro de Convenções, em Brasília, o diretor interino fez uma apresentação com o tema Rede Hidrometeorológica Nacional: Conhecer para Gerenciar.
Marcelo enfatizou que diferentes setores necessitam de dados hidrológicos – como os de saneamento básico, energia, agropecuária, entre outros – e que todo brasileiro se vale desses dados seja direta ou indiretamente. Além disso, o dirigente apresentou a evolução histórica do monitoramento hidrometeorológico no Brasil desde o início do século XX até os dias atuais.
Em termos quantitativos, Medeiros apresentou que o inventário de estações possui 23.348 estações, sendo que a Rede Hidrometeorológica Nacional, da ANA, contém 4.872 estações. Já a Rede Nacional de Qualidade de Água (RNQA), da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, e o setor elétrico possuem respectivamente cerca e 2,5 mil e 2.117 estações. Além disso, 450 técnicos especializados e 3,2 mil observadores atuam nesse monitoramento, sendo necessário percorrer por volta de 1,6 milhão de quilômetros para desenvolver esse trabalho num total de 320 horas em aviões de pequeno porte e 16,3 mil horas em embarcações.
Marcelo abordou, ainda, a utilização dos dados coletados para o Programa Monitor de Secas e para análises de estresse hídrico e gestão da água, por exemplo. O diretor interino também apresentou o Hidroweb (mapa, inventário e dados das estações), o Hidro – Telemetria (dados hidrológicos em tempo real) e o Sistema de Acompanhamento de Reservatórios (SAR) como serviços que a ANA disponibiliza gratuitamente à sociedade.

No fim de sua apresentação, Marcelo Medeiros abordou resultados da parceria da ANA com o IPH/UFGRS. Como fruto desse trabalho, foi calculada a relação entre os investimentos em sistemas de alerta e perdas potencialmente evitadas nos municípios gaúchos de Montenegro e Caí em virtude das enchentes de 2024. A cada R$ 1 investido nesses sistemas, R$ 661 de prejuízos seriam evitados.
O diretor interino explicou que as mudanças climáticas impõem um aumento do monitoramento, que deve ter representatividade e qualidade. Segundo Marcelo, a tomada de decisão requer automação e monitoramento em tempo real, assim como necessita de orçamento e pessoal para realizar esse trabalho adequadamente.
"O nosso desafio mais premente hoje é manter a Rede [Hidrometeorológica Nacional]. Tivemos uma queda orçamentária de 40% este ano [...] E a gente hoje está na difícil decisão de diminuir o número de estações ou diminuir a qualidade do serviço e manter o número de estações. Então, no início deste ano, nós e mais 65 instituições do mesmo porte que a ANA, entre elas a APAC [Agência Pernambucana de Águas e Clima], a ABES [Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental], a ABRHidro [Associação Brasileira de Recursos Hídricos], assinamos uma carta pedindo ao governo para manter o recurso da operação da Rede. E é uma coisa que a gente não vai terminar de brigar nesse ano, e ano que vem continuaremos a brigar”, concluiu Medeiros.
Também participaram do Painel F8 o pesquisador em hidrologia e gestão de recursos hídricos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Jorge Werneck; a gerente de Recursos Hídricos da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB), Eloneide Arruda; e a diretora presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), Suzana Montenegro. Moderou o debate o gerente de Gestão Ambiental da CAESB e 1º tesoureiro da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção DF. (ABES-DF).
A RHN
A ANA coordena as atividades desenvolvidas no contexto da Rede Hidrometeorológica Nacional, conforme estabelecido pela Lei nº 9.984/2000. A Agência possui uma rede de monitoramento de níveis e vazões de rios e de chuvas em todo o Brasil. São mais de 4,8 mil estações de monitoramento, sendo aproximadamente 1.900 estações fluviométricas (medem níveis e/ou vazões de rios) e cerca 2.800 estações pluviométricas (medem chuvas).
ANA e o marco legal do saneamento básico
Com o novo marco legal do saneamento básico, Lei nº 14.026/2020, a ANA recebeu a atribuição regulatória de editar normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico no Brasil, que incluem: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, além de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas.
A mudança busca uniformizar as normas do setor para atrair mais investimentos para o saneamento, melhorar a prestação e levar à universalização desses serviços até 2033. Para saber mais sobre a competência da ANA na edição de normas de referência para regulação do saneamento, acesse a página www.gov.br/ana/assuntos/saneamento-basico.

O 33º CBESA
Realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental e com o apoio da ANA, o 33º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental acontece em Brasília, entre 25 e 28 de maio, com o tema Saneamento para Quem não Tem - Inovar para Universalizar! O evento promove 50 painéis sobre engenharia sanitária e ambiental no Brasil e é um espaço para a apresentação de aproximadamente 1.800 trabalhos científicos. Esse encontro nacional também é palco para demonstração de tecnologias inovadoras e soluções em prol da universalização do acesso aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário de forma sustentável.
Além disso, o 33º CBESA aborda outras temáticas do setor, como: saneamento rural, manejo de resíduos sólidos, manejo de águas pluviais, drenagem urbana, recursos hídricos, meio ambiente, eficiência energética e tecnologias limpas. Simultaneamente ao 33º Congresso – que conta com estande da ANA em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – acontece a Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental (FITABES) com cerca de 120 empresas expositoras.
Fonte: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
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