Com uma série de apresentações técnicas com nomes de referência no monitoramento de secas, em Fortaleza (CE), no Hotel Oásis Atlântico, terminou o Encontro 10 Anos do Monitor de Secas. O evento foi realizado em 21 e 22 de agosto pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) com o intuito de reunir especialistas brasileiros e estrangeiros para debater a primeira década de trabalho do Programa Monitor de Secas. Além disso, foram discutidas as perspectivas, como a expansão do trabalho para a América do Sul, e pontos que precisam ser aperfeiçoados nessa iniciativa realizada por uma rede com mais de 60 instituições federais, estaduais e distrital.
Estiveram presentes ao segundo dia de evento a diretora da Agência Ana Carolina Argolo e os diretores interinos da ANA Marco Neves e Nazareno Araújo. Diferente do primeiro dia, que contou com a participação de autoridades e especialistas internacionais, esta quinta-feira teve um foco mais nacional e regional sobre os trabalhos realizados pela equipe que faz o Monitor de Secas acontecer.
Nesta sexta-feira, 22, o painel O Monitor de Secas do Brasil: Onde Estamos Após uma Década de Jornada abriu a programação e foi apresentado pela especialista em regulação de recursos hídricos e saneamento básico da ANA Priscila Gonçalves. A servidora abordou todo o processo de expansão do Monitor, que inicialmente cobria somente o Nordeste e que foi ampliado para todo o Brasil entre 2018, com a entrada de Minas Gerais, e 2024, com a inclusão do Amapá como último estado a entrar no Mapa do Monitor.
Em seguida ocorreu o painel O Monitor de Secas do Brasil: Perspectivas e Desafios com palestra da coordenadora de Articulação para a Gestão de Eventos Críticos da Agência, Alessandra Daibert. A apresentação seguinte foi sobre o tema Planos de Contingência de Secas no Ceará e teve palestra do presidente da FUNCEME, Eduardo Martins, com a participação do diretor-geral do Centro Estratégico de Excelência em Políticas de Águas e Secas (CEPAS), o professor Francisco de Assis Filho.
Com um foco em comunicação, o coordenador de Relacionamento com a Imprensa e Comunicação Institucional da ANA, Raylton Alves, apresentou o painel O Monitor de Secas como Realidade na Pauta da Imprensa do Brasil. Com participação de Alessandra Daibert, o servidor da Agência abordou como o Monitor de Secas entrou no noticiário dos veículos de comunicação de abrangência regional e nacional.
O painel seguinte tratou do tema O Panorama da Seca no Amazonas em 2023/24 e o Uso do Monitor de Secas como Auxílio à Gestão com as participações de Renato Senna, Maycon Castro e Samanta Lacerda representando o estado. Eles compartilharam informações sobre a evolução da seca de 2023/2024 na Amazônia Ocidental e o uso do Monitor de Secas na formulação de políticas públicas e como ferramenta para a tomada de decisão, como no caso da edição de decretos tanto de situação de emergência quanto de emergência ambiental no Amazonas.
Por sua vez, os representantes rondonienses Fábio Saraiva e Cledmar Carneiro fizeram palestras sobre temas complementares. Saraiva abordou A Experiência de Rondônia com a Rede de Observação de Impactos em Apoio à Validação dos Mapas Mensais. Já Carneiro falou acerca dos pluviômetros, equipamento para medição de chuvas, e seu uso no território rondoniense.
O último painel da programação tratou da Correlação entre Severidade de Seca do Mapa do Monitor de Secas do Brasil e a Evapotranspiração de Referência no Estado de Sergipe. O tema foi exposto pelo doutorando em Meteorologia Aplicada da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Josielton Santos.
Cinco representantes estaduais com atuação no Monitor, um de cada região do País, tiveram espaço para compartilhar experiências. O primeiro deles foi o coordenador do Centro de Prevenção de Desastres Ambientais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (SEMA/MA), Caco Graça, que fez uma apresentação com o tema Maranhão, sua Água e a Falta dela. Já o analista ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (FEMARH/RR) Ramón Wellengson falou sobre a temática Roraima no Monitor de Secas: Desafios e Soluções.
Já o analista ambiental da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (SEMA/RS) Adriano Battisti fez apresentação sobre A Seca no Rio Grande do Sul: Protótipo Protocolo de Ações. Juliana Gomes, da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (ADASA/DF), compartilhou a experiência do DF desde sua entrada no Monitor de Secas. Por fim, a meteorologista Cinthia Avellar, representante do Instituto Estadual do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro (INEA/RJ), apresentou a trajetória do estado no Monitor.
O Monitor de Secas
O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar o planejamento e a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.
O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração. Por meio da ferramenta, é possível comparar a evolução das secas nos 26 estados e no Distrito Federal a cada mês vencido, sendo que o processo de expansão dessa iniciativa foi concluído com a entrada do Amapá no Mapa do Monitor de dezembro de 2023.
A metodologia do Monitor de Secas foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica a ausência do fenômeno ou uma seca relativa, significando que as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região.
Fonte: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
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