Escrito por Bruna Soldera - Instituto Água Sustentável IAS
A falta de água em muitos lugares é mais comum do que se imagina e até mesmo desencadeia conflitos armados colocando em situação de vulnerabilidade muitas comunidades! A crise hídrica tem contribuído para agravar este fato, há muitas notícias de rios que deixam de existir ou tem uma diminuição drástica do seu fluxo e aquíferos secando em lugares onde são a única fonte de água. “A falta de água na Índia levou muitos agricultores à angústia e alguns até mesmo ao suicídio. Na Índia, em média, 46 agricultores cometem suicídio todos os dias, ou seja, quase um a cada meia hora. Nos últimos vinte anos, 2.035 agricultores pararam de cultivar todos os dias” (INSTITUTO ÁGUA SUSTENTÁVEL, 2021a).
De acordo com a Organização das Nações Unidas, cerca de 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso a água potável, e isto equivale a 30% da população mundial. Diante de tantos problemas decorrentes da crise hídrica, "a água ganhou status de ativo e, dos investidores, uma classificação precisa: ouro azul” (CAPPI, 2022 – JORNAL ESTADÃO).
Alguns casos de disputa de água ao redor do mundo:
Água como arma na guerra entre Rússia e Ucrânia: segundo o Jornal Gazeta do Povo (2022) a Rússia usa a água como arma de guerra na cidade de Mariupol na Ucrânia como forma de forçar a rendição. De acordo com o jornal Josep Borrell (alto representante de Relações Exteriores da União Europeia) e Virginijus Sinkevicius (Comissário Europeu de Meio Ambiente) dizem que com a escassez de água de boa qualidade "a falta de tratamento de águas residuais e o número crescente de bombardeios a infraestruturas civis, como ataques a indústrias químicas, criam riscos adicionais e pioram ainda mais a qualidade da água doce". Água é um recurso estratégico de guerra.
Faixa de Gaza: os conflitos têm impacto em suprimentos básicos, sendo um deles a falta de água, pois falta água para beber, cozinhar, se lavar, ou seja, para as necessidades básicas. Em 2014 um conflito deixou 300.000 pessoas sem água em 10 dias de bombardeios israelenses (INSTITUTO ÁGUA SUSTENTÁVEL, 2021b).
Colinas de Golã, no Oriente Médio: durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel invadiu e ocupou as Colinas de Golã, que pertenciam à Síria. A região que abrange as nascentes do Rio Jordão que fornece um terço da água consumida por Israel. O represamento e os desvios nas águas de Golã por Israel afetam o abastecimento da Síria e da Jordânia, que também dependem desta fonte hídrica. Desde 1974, a ONU monitora um cessar-fogo entre Síria e Israel (EDITORA ABRIL, 2019).
Planalto do Tibete: Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã dependem das águas do Mekong, mas o abastecimento está sendo comprometido devido à construção de usinas hidrelétricas pela China. Da mesma forma, o Laos também desenvolve projetos de construção de barragens no Mekong para produzir energia elétrica, o que gerou atritos com o governo do vizinho Camboja. Além disso, também há disputas entre Índia e Bangladesh envolvendo as águas do Rio Ganges (EDITORA ABRIL, 2019).
Fonte: Instituto Água Sustentável IAS EDITORA ABRIL, 2019: https://guiadoestudante.abril.com.br/coluna/atualidades-vestibular/4-disputas-por-fontes-de-agua-que-ja-sao-realidade/ JORNAL GAZETA DO POVO, 2022: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/varias-pessoas-sao-baleadas-em-tiroteio-no-metro-de-nova-york/ JORNAL ESTADÃO, 2022: https://economia.estadao.com.br/colunas/luiz-carlos-trabuco-cappi INSTITUTO ÁGUA SUSTENTAVEL, 2021a: https://aguasustentavel.org.br/conteudo/blog/145-aguas-subterraneas-historias-invisiveis INSTITUTO ÁGUA SUSTENTAVEL, 2021b: https://aguasustentavel.org.br/conteudo/blog/121-conflitos-e-guerras-como-os-da-faixa-de-gaza-podem-impactar-o-abastecimento-de-agua
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