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Sumário da água

Blog da REBOB

Estudo aponta que enchentes de 2024 foram maior desastre natural da história do RS e sugere caminhos para futuro com eventos extremos mais frequentes

Levantamento realizado por instituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos, associações profissionais e outras entidades indica maior ocorrência e agravamento de enchentes especialmente na região Sul.



A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) lançou a publicação As Enchentes no Rio Grande do Sul – Lições, Desafios e Caminhos para um Futuro Resiliente nesta quarta-feira, 30 de abril. O evento foi transmitido ao vivo por meio do canal da ANA no YouTube em: https://www.youtube.com/live/3SAuNYYIKbM. O levantamento foi produzido por membros do Grupo Técnico de Assessoramento para Estudos Hidrológicos e de Segurança de Infraestruturas de Reservação e de Proteção das Cheias no Estado do Rio Grande do Sul (GTA RS), coordenado pela ANA, cujo trabalho desenvolvido desde as enchentes de abril e maio de 2024 se concentra no entendimento do evento e na discussão de orientações que têm sido aplicadas na reconstrução, recuperação e realocação de infraestruturas danificadas, além de medidas para a proteção das pessoas que vivem nas áreas impactadas pelo desastre.


A publicação é um diagnóstico técnico-científico sobre as enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, destacando seus impactos socioeconômicos e ambientais no estado. Além disso, o levantamento oferece subsídios para a reconstrução das áreas afetadas e apresenta estratégias que priorizem a resiliência hídrica e a prevenção de futuros desastres decorrentes de enchentes. Em sua produção, o material contou com o trabalho conjunto de universidades, instituições de pesquisa, associações de classe e demais parceiros do GTA RS; permitindo gerar recomendações desde a revisão de critérios para infraestruturas mais adaptadas às mudanças climáticas até a melhoria de sistemas de alerta e do planejamento urbano do RS, assim como a criação de sistemas de resposta mais eficazes.


Analisando as enchentes históricas de 2024 no território gaúcho, o levantamento indica que esse foi o maior desastre natural da história do Rio Grande do Sul e um dos maiores do Brasil, com chuvas com duração, intensidade e abrangência territorial jamais observadas no Brasil. Com isso, a enchente fez o nível do lago Guaíba atingir o máximo histórico de 5,37m na capital Porto Alegre, superando em mais de 60cm o recorde anterior registrado em 1941: 4,76m. Os impactos desse evento foram catastróficos e abrangentes, afetando cerca de 2,4 milhões de pessoas em 478 municípios, causando 183 mortes e prejuízos econômicos estimados na casa dos bilhões de reais.


De acordo com o estudo, os sistemas de proteção contra inundações em Porto Alegre e outras cidades gaúchas, projetados nas décadas de 1960 a 1980, falharam em vários pontos e por diversos motivos, como rupturas em comportas, refluxo em galerias, diques abaixo da cota de projeto e fragilização desse tipo de infraestrutura. A publicação estima que 35% a 40% da população atingida pelas enchentes na Região Metropolitana de Porto Alegre em 2024 estava em áreas protegidas por sistemas que falharam, ampliando o impacto do desastre por conta de uma falsa sensação de segurança nessas regiões.


Estudos internacionais levantados indicam que a mudança climática induzida pelo homem pode ter tornado as chuvas intensas de abril e maio de 2024 duas vezes mais prováveis, assim como pode ter aumentado a intensidade das precipitações em 6% a 9%, além do fenômeno El Niño ter contribuído para o grande volume de chuvas no RS no ano passado.


Avaliações de impacto da mudança do clima indicam, ainda, que o Sul do Brasil é a região com maior projeção de aumento de cheias, com cenários os quais apontam que a magnitude das vazões máximas pode aumentar em cerca de 20% e que as cheias extremas podem se tornar até cinco vezes mais frequentes na região. Nesse sentido, eventos antes considerados raros (como a cada 50 anos) poderão ocorrer com frequência muito maior (a cada 10 anos, por exemplo). 


A partir dessas constatações, a publicação indica que o dimensionamento de obras de infraestrutura no País precisa ir além das séries históricas e deve incluir eventos climáticos extremos recentes nas análises estatísticas, assim como aumentar a magnitude das vazões e chuvas máximas em 15% a 20%. Isso porque as técnicas de análise tradicionais, que consideram que tendências passadas se repetirão, não são mais válidas diante do cenário de mudanças climáticas.


Como lições aprendidas com as enchentes de 2024 no RS, o estudo aponta que a reconstrução do estado deve incorporar critérios hidrológicos mais críticos para adaptação à mudança climática e combinar medidas estruturais e não estruturais, como: reassentamento, mapeamento de riscos, infraestrutura híbrida (cinza e verde) e incorporação dos impactos climáticos no planejamento.


O levantamento destaca, ainda, a importância de um monitoramento hidrometeorológico mais robusto e inteligente, ampliando sua cobertura e implementando redundância para que essa atividade seja realizada sem lacunas. A publicação indica também que o conhecimento científico e tecnológico, disponível nas universidades e centros de pesquisa locais, foi crucial para a previsão e alerta, e a implantação operacional tanto da previsão quanto do alerta de eventos climáticos extremos deve ser uma prioridade para o Rio Grande do Sul e para outras regiões sujeitas a eventos de mesma natureza.


Para o lançamento do estudo participaram os diretores interinos da ANA Marcelo Medeiros, Marco Neves e Nazareno Araújo; da superintendente de Estudos Hídricos e Socioeconômicos da Agência, Ana Paula Fioreze; da secretária adjunta da Secretaria Especial do Programa de Aceleração do Crescimento da Casa Civil, Cristiane Battiston; da secretária adjunta da Secretaria de Reconstrução Gaúcha, Angela de Oliveira; e do professor do IPH/UFRGS e coautor da publicação, Rodrigo Dias. A live contou, ainda com a moderação da coordenadora da Superintendência de Regulação de Saneamento Básico da ANA, Thamiris Lima.


O GTA RS


O GTA RS é coordenado pela ANA e composto por instituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos, associações profissionais e outras entidades sem fins lucrativos com expertise nos temas relacionados às suas atividades. Além da Agência, participam do Grupo outras 14 instituições: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por meio do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) e do Centro de Pesquisa e Estudos sobre Desastres do Rio Grande do Sul (CEPED/RS); Universidade de Brasília (UnB); Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro); Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); Serviço Geológico do Brasil (SGB); Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Universidade de Passo Fundo (UPF); Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); Universidade Federal do Rio Grande (FURG); Universidade Federal de Pelotas (UFPEL); Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); e Empresa de Pesquisa Energética (EPE). 


Fonte: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)

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A Rede Brasil de Organismos de Bacias Hidrográficas - REBOB é uma entidade sem fins lucrativos constituída na forma jurídicos de Associação Civil, formada por associações e consórcios de municípios, associações de usuários, comitês de bacia e outras organizações afins, estabelecidas em âmbito de bacias hidrográficas.

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