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Sumário da água

Blog da REBOB

Cresce a ameaça de conflitos hidro políticos, diz pesquisa da ONU


Estudo identifica riscos crescentes à gestão de águas transfronteiriças. Não por outro motivo “Compartilhando Água” foi o tema escolhido para o 8º Fórum Mundial da Água que acontecem em 2018 no Brasil.


A bacia Ganges-Brahmaputra-Meghna é uma fonte de conflito latente. O rio Ganges (foto) é um dos vinte maiores do mundo. Suas águas se deslocam rumo ao leste através da planície do Ganges do norte da Índia até ao Bangladesh. Com 2510 km de extensão, nasce no Himalaia ocidental e desagua no Delta do Ganges, no golfo de Bengala. Desde muito tempo é considerado um rio sagrado para os hindus.

 

Estudos desenvolvidos recentemente pelas Nações Unidas, mostram que mais de 1.400 novas barragens ou projetos de desvio de água estão em planejamento ou em construção no mundo, muitos deles em rios que atravessam mais de um país. O uso comum de reservas hidrológicas tem o poder de acentuar tensões, criar conflitos e aumentar divergências entre povos.


Para identificar áreas ao redor do mundo mais ameaçadas por conflitos “hidro políticos”, o Programa de Avaliação das Águas Transfronteiriças da ONU realizou um abrangente estudo das bacias hidrográficas levando em conta fatores sociais, econômicos, políticos e ambientais. Os resultados do estudo foram publicados na revista Global Environment Change.


A análise sugere que os riscos de conflito devem aumentar nos próximos 15 a 30 anos em quatro regiões principais: Oriente Médio, Ásia Central, a bacia Ganges-Brahmaputra-Meghna e as bacias Orange e Limpopo no sul da África.


Além disso, o rio Nilo na África, grande parte do sul da Ásia, dos Balcãs no sudeste da Europa e do norte da América do Sul também são áreas onde novas barragens estão em construção e os países vizinhos enfrentam demanda crescente pelo recurso. Um dos tratados reconhecidos como um dos mais bem-sucedidos no compartilhamento de água por dois países é o da bacia do rio Colúmbia, entre os Estados Unidos e o Canadá. Este é um dos exemplos citados pelo pesquisador Eric Sproles, hidrologista da Universidade Estadual de Oregon, nos EUA, e coautor do estudo.


Porém, segundo ele, esse não é o caso de muitos outros sistemas fluviais, onde, além da variabilidade ambiental e da falta de tratados, uma variedade de outros fatores entra em jogo, como instabilidade política e econômica e conflitos armados. A Ásia tem o maior número de barragens propostas ou em construção em bacias transfronteiriças do que qualquer outro continente, com 807 projetos ao todo, seguida pela América do Sul, 354; Europa, 148; África, 99; e América do Norte, 8.


Mas é a África que tem um nível mais alto de tensão hidro política, dizem os pesquisadores. O rio Nilo, por exemplo, é uma das áreas mais controversas do globo. A Etiópia está construindo várias barragens sobre os afluentes do Nilo em suas terras altas que desviarão a água dos países a jusante, incluindo o Egito.


Para agravar o cenário, o conflito sobre a água não se restringe ao consumo humano. Segundo a pesquisa, existe uma ameaça global à biodiversidade em muitos dos sistemas fluviais do mundo e o risco de extinção das espécies vai de moderado a muito alto em 70% da área das bacias hidrográficas transfronteiriças.


Apesar das crescentes ameaças às águas transfronteiriças, há mais casos de gestão compartilhada amigável deste recurso do que conflitiva pelo mundo. Em vez de ser alvo de disputa, a água pode ser a chave para a cooperação. O desafio é garantir que o caminho da boa vizinha prevaleça sobre o da rivalidade.

 

FÓRUM DA ÁGUA VAI TRATAR DA GESTÃO COMPARTILHADA DA ÁGUA


Os potenciais conflitos entre nações em torno água avançam na mesma proporção em que avançam as discussões sobre o tema nas instâncias de poder e decisão. Não por outro motivo o Conselho Mundial da Água (World Water Council) escolheu “Compartilhamento” como tema do 8º Fórum Mundial da Água o maior evento do mundo sobre recursos hídricos. O 8º Fórum da Água acontecerá em Brasília de 18 a 23 de março de 2018. Esta será a primeira vez que o hemisfério sul sediará o evento.


Fonte: Exame







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