A brasileira Maria do Socorro é uma líder-quilombola e ativista ambiental que reside no Pará.
Por conta de sua luta pela conservação da Amazônia e pelos direitos das comunidades locais, Maria do Socorro foi um dos destaques de uma série de reportagens do jornal britânico The Guardian sobre ativistas ambientais. A matéria contou um pouco de sua trajetória, denunciou as ameaças que vem sofrendo e explicou quais são as suas principais bandeiras.
A brasileira Maria do Socorro Silva foi eleita pelo jornal inglês The Guardian uma dos nove ativistas mais relevantes da atualidade. Líder quilombola no interior do Pará, seu trabalho é um dos mais arriscados do mundo. O Estado é um dos que mais matam ativistas ambientais em todo o planeta e considerado território de atenção pelos analistas ecológicos. Só em 2017 foram 207 pessoas assassinadas.
Nos últimos 10 anos, Maria do Socorro lutou por múltiplas causas: contra a Hydro Alunorte, refinaria norueguesa em Barcarena; contra a Albras, maior fábrica de alumínio do país (ambas já multadas por vazamentos de rejeitos nas regiões onde estão localizadas, precarizando o ecossistema e as populações próximas); contra políticos e investidores que por vezes fazem uso da grilagem, expulsando pequenos agricultores e comunidades locais de suas terras em favor do agronegócio e dos latifúndios.
Água contaminada em Barcarena, Brasil. Fotografia: Thom Pierce / Guardian / Testemunha Global / Ambiente da ONU
Uma investigação posterior pelas autoridades encontrou um cano de esgoto que não deveria existir. Os tribunais reconheceram que uma das lagoas de lixo foi construída ilegalmente e puniu a empresa ao ordenar um corte de produção de 50%. O governador do Pará está exigindo US $ 250 milhões em danos. A Hydro Alunorte apelou. Ele diz que outros estudos não mostram contaminação da planta. Mas também se desculpou e prometeu fornecer cuidados médicos gratuitos e água engarrafada para mais de mil pessoas locais.
Outra causa em que a ativista tem se empenhado é contra a grilagem, prática comum na região. Investidores, mineradores e políticos expulsam pequenos agricultores e comunidades de suas terras, visando a formação de latifúndios para exploração mineral ou criação de gado. O resultado é devastador. Morre a tradição cultural, famílias são jogadas na miséria e a natureza é destruída em sua totalidade.
Seu trabalho ganhou destaque mundial por seu esforço quase solitário, que caminha na direção contrária também do racismo exercido contra os povos quilombolas e ribeirinhos.
Adaptado de Nara Guichon e The Guardian