Deyse Azevedo Nonato
A água em si constitui um elemento que é essencial à vida tanto animal como vegetal, sendo também, necessária fisiologicamente para o homem, e crucial à evolução e desenvolvimento da agricultura, indústria, lazer e proteção da vida aquática (VALIAS et al., 2013).
Tem sido muito discutida a importância da água em nosso planeta nos últimos tempos, a conservação e a qualidade da mesma, são elementos empregados em inúmeras políticas públicas e sua discussão percorre em âmbitos de educação bem como órgãos do governo relacionados a área. E assim vemos a importância da participação feminina para que seja discutido os problemas relacionados aos recursos hídricos, as mulheres estão sempre em atividades que necessitam de água para desenvolverem seus afazeres, elas estão a todo tempo buscando melhorias para a qualidade de vida. Conforme indicado no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) n.º 5, a igualdade de gênero deve nortear as condutas e ações governamentais e privadas. A inclusão de mulheres em condições de igualdade, possui “efeitos multiplicadores no desenvolvimento sustentável”, de modo que a governança se torne realmente democrática, quando há o envolvimento feminino nessas instancias, aumenta-se a eficácia e eficiência dos arranjos de governança das águas (UN, 2015).
A importância de ter uma água de boa qualidade e a oportunidade de não ter escassez em várias regiões do planeta, tornou-se uma das maiores preocupações de especialistas e autoridades no assunto. Pensando nisso ter um olhar para as nascentes foi uma das prioridades como, funcionária pública da secretaria municipal de meio ambiente e mulher, poder mostrar a importância do cuidado com as nascentes, pois elas são fontes de água valorosas para a humanidade, assim foi vista a oportunidade de esta mais ativa nas atividades voltadas aos recursos hídricos, assim como membra de um comitê de bacia hidrográfica poderia estar ajudando meu município.
Fala-se que no Brasil a água e considerada um recurso em abundância, mas sabe que existem regiões onde estão desprovidas desse recurso natural, chegando ao ponto de transformá-la em um bem limitado às necessidades humana. É comum relacionar a sua escassez às regiões onde o desenvolvimento ocorreu de forma desordenada, provocando a deterioração das águas disponíveis (MOITA & CUDO, 1991). Tendo sempre o homem, como ser, responsável pelos problemas mais comuns referentes à água.
A relação da água com a vida em geral se faz necessária, bem como o entendimento do seu ciclo em nosso planeta, para se estabelecer os melhores mecanismos na atuação perante esse desafio de proteger, restaurar as nascentes e preservar este bem natural e, a mulher com seu olhar e jeito cativante está buscando espaços para desenvolver ações de melhorias nos recursos hídricos.
Nossa região está contemplada com a Bacia Hidrográfica do Rio Pindaré (Maranhão) que percorre cerca de 466,3 km até atingir a sua foz, no rio Mearim e possui área de drenagem total de aproximadamente 40.482 km². Médio Pindaré - da barra do rio Buriticupu no km 456 até a cidade de Pindaré Mirim no km 178, numa extensão de 278 km aproximadamente, existe uma pequena corredeira, logo a montante da foz do rio Caru, com declividade de 68 cm/km, e com velocidade das águas um pouco maior, que não compromete a segurança da navegação. O Rio Pindaré tem como principais afluentes os rios Buriticupu, rio Negro, rio Paragominas, rio Zutiua, rio Timbira, Água Preta e Santa Rita.
E surgindo assim a necessidade de buscar melhorias na qualidade dos recursos hídricos locais, a restauração das nascentes foi uma das alternativas que demonstrasse a importância para a continuação do desenvolvimento da bacia hidrografia do Rio Pindaré, pois sendo de certa forma pontos imprescindíveis no ciclo hidrológico e uma base para melhor qualidade da agua, bem como vida animal e vegetal que vive em seu entorno e necessita da mesma para sua sobrevivência e desenvolvimento pessoal e econômico.
Quando fomos procurados pela comissão provisória do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pindaré, para realização de uma audiência pública em Buriticupu, assim fui alimentando a esperança que outras ideias e apoio chegasse para contribuir com nossa cidade, ajudando de forma significativa para a melhoria dos recursos hídricos locais. Então, realizamos a audiência pública em Buriticupu, onde tive meu primeiro contato com o comitê de bacia hidrográfica, momento que descobri que precisaria então assim fazer parte desse grupo e ajudar de forma significativa. Depois desse momento foi realizado o mapeamento de algumas nascentes, assim, sendo localizadas, de acordo com a Lei Municipal Nº 423/2019 e em contado com alguns proprietários vimos onde precisava ser feito um trabalho de restauração. Em algumas propriedades houve resistência e até mesmo foi impossível de contribuir para melhoria dos recursos de água ali existentes. Nas propriedades onde foi possível desenvolver o trabalho de restauração, assim identificando que eram todas perenes de acordo com a Lei Federal nº 12.651 de 25 de maio de 2012, então facilitou para sua restauração.
Para fornecer mais conhecimentos foi realizado uma palestra com o tema mundial da água do ano de 2022; Águas subterrâneas tornando o invisível, visível. Onde tivemos participação do IFMA (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão), com o profissional Professor Mestre Thiago de Norões para mediar a palestra, e como convidados os proprietários de terras onde foram feitos mapeamento das nascentes, representantes do então comitê provisório da Bacia Hidrográfica do Rio Pindaré, alunos e professores da rede municipal, estadual e particulares do município assim como os usuários da água, que os presentes no local a maioria eram mulheres em busca de novos conhecimentos. O foco da palestra era a importância da preservação das nascentes, a forma de contaminação das águas, como a atividade humana impacta na qualidade da água e a importância para as bacias hidrográficas. E assim podendo mostrar algumas soluções para os problemas identificados.
Dando continuidade ao trabalho com recursos hídricos foi realizado visitas as nascentes e distribuição de mudas nativas para a restauração, também houve a necessidade de explicar a forma correta de estar realizando o cercamento local, limpeza e controle da erosão. As margens do Rio Buriticupu foi realizada uma ação para a recuperação da mata ciliar que um dia já existiu, na oportunidade foi feito um trabalho de sensibilização e educação ambiental na comunidade ribeirinha mais próxima.
Participei de reuniões do comitê provisório da Bacia Hidrográfica do Rio Pindaré com o intuito de ter participação ativa para contribuir com a melhoria dos recursos hídricos do nosso município, trazendo e levando experiências positivas.
Diante de algumas dificuldades que obtivemos até chegar ter o direito a uma cadeira no comitê, podemos identificar, localizar e restaurar as nascentes em nosso município, tivemos êxodo, pois percebemos na fala de cada proprietários o desejo de continuar protegendo e restaurando as nascentes encontradas em sua localidade. No decorrer de cada passo, sendo realizado palestras para ajudar e fortalecer esses pequenos proprietários e toda a comunidade no que tange os cuidados e preservação das nascentes locais. E por meio destes trabalhos que estive envolvida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Buriticupu (MA), participei da eleição do comitê da Bacia Hidrográfica do rio Pindaré, obtivendo assim, resultados relevantes como membros titulares deste comitê podendo assim está sendo representante do poder público de Buriticupu no então comitê.
Mediante o exposto, estimo-me agraciada pelos resultados obtidos, pois percebi os benefícios que conseguimos entregar para a comunidade através dos trabalhos realizados por meio da secretaria municipal de meio ambiente enquanto servidora pública, além de conhecimentos, ajudou a sensibilizar a comunidade a continuar no fortalecimento de cuidar e proteger o meio ambiente e os recursos hídricos.
Referências bibliográficas
VALIAS, Ana Paola Gonçalves dos Santos et al. Qualidade microbiológica de águas de poços rasos e de nascentes de propriedades rurais do município de São João da Boa Vista – São Paulo. In: 1st Joint World CongressonGroundwater, [2013].
MOITA, R.; CUDO, K. Aspectos gerais da qualidade da água no Brasil. In: reunião técnica sobre qualidade da água para consumo humano e saúde no brasil, 1991, Brasília. Anais... Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria do Meio Ambiente, 1991. p.1-6
Lei Federal nº 12.651 de 25 de maio de 2012 - www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm
https://buriticupu.ma.gov.br/relatorio.php?id=1&rel=IEFORCAoTlRpcG9BcnEgPSA2IE9SIE5UaXBvQXJxID0gMjAgT1IgTlRpcG9BcnEgPSAyMiBPUiBOVGlwb0FycSA9IDI1IE9SIE5UaXBvQXJxID0gMjcp
Souza, Pedro de. «Bacia do Nordeste». www.transportes.gov.br. Consultado em 1 de julho de 2018
UN - United Nations. (2015). Agenda for Sustainable Development. 2015.
Deyse Azevedo Nonato, 32 anos; Técnica em meio ambiente, superior em Biologia, Pós em Gestão Ambiental; Instagram @deyse16azevedo
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