A Comissão Técnica de Engenharia de Sedimentos da Associação Brasileira de Recursos
Hídricos (ABRHidro), reunida em seu XV Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos, com o tema “Transporte de Sedimentos e as Novas Tecnologias: Particularidades e Desafios”, motivada em destacar a importância do desenvolvimento sustentável na busca por soluções aos problemas envolvendo os sedimentos, expressa, por meio desta carta, os anseios e desafios identificados durante o evento, destacando:
A relevância da ação institucional da Agência Nacional de Águas e Saneamento
Básico (ANA), responsável por definir direcionamentos e abordagens para a regulação técnica e econômica do monitoramento de processos hidrossedimentológicos nas bacias hidrográficas brasileiras e no fortalecimento da área fornecendo dados em tempo real ou quase em tempo real, ferramenta fundamental para gestão de recursos hídricos e reservatórios;
A necessidade de assegurar recursos financeiros para fomento à ciência, pesquisa e
inovação e formação de recursos humanos na área monitoramento e coleta de dados
hidrossedimentológicos, com lançamento de editais específicos para pesquisadores da área;
A necessidade de investir na pesquisa, no desenvolvimento e no uso de tecnologias
para monitoramento, incluindo o monitoramento remoto em tempo real de sedimentos em bacias degradadas e reservatórios;
A necessidade de investir na formação de pessoas para o monitoramento
hidrossedimentológico, especificamente em tecnologias novas como as metodologias acústicas (ADCP, ecobatimetria), óticas (difração a laser, LISST, uso de câmeras) e sensoriamento remoto regular (com satélite) e próximo (com drones). O papel da ABRHidro pode ser fundamental na divulgação, organização e acreditação de cursos deste tipo;
A necessidade de ajustar os calendários dos seminários temáticos da ABRHidro, para
não ocorrer sobreposição de datas ou proximidade que cause prejuízo às Comissões Técnicas envolvidas;
A necessidade de reorganizar os assuntos tratados por diversas Comissões Técnicas
da ABRHidro, para que não haja sobreposição de temas fundamentais para uma determinada Comissão com outros eventos;
A necessidade de resgatar as diversas áreas interdisciplinares à Engenharia de
Sedimentos, como a Ciência do Solo, a Geografia, a Geologia e outras;
A excepcional participação de palestrantes de renome e estrangeiros, mesmo em
inglês, mas todos os dias do evento foi um diferencial muito positivo para ENES e é recomendado para futuros eventos, já que a interação foi muito produtiva e esclarecedora;
Sugere-se neste sentido que a programação e planejamento anual de eventos seja
compartilhado com todas as CT’s com chamamento de contribuições inter CT’s, por exemplo a CT da Engenharia de Sedimentos organizando e ficando responsável por uma sessão sobre sedimentos em um evento da CT de drenagem urbana ou da hidrometria. Acreditamos que todas as CT’s e eventos só podem ganhar com isto. Inclusive a análise de junção da CT de Engenharia de Sedimentos com a CT de Hidrometria, já que há várias tecnologias que hoje em dia são compartilhadas e utilizadas com múltiplos fins. Por exemplo ADCP’s podem ser usados para medir velocidades e vazões (hidrometria), bem como para quantificar transporte de sedimento no fundo e em suspensão (hidrossedimentologia) e até para analisar características de turbulência (hidráulica e mecânica dos fluidos). A junção das duas CT’s pode ser interessante também considerando que as atividades individuais não atingiram a quantidade de participação como anteriormente.
A Comissão Técnica de Engenharia de Sedimentos (CES) acredita que os avanços
necessários para a solução dos anseios destacados nesta carta dependem fundamentalmente do envolvimento mais próximo dos sócios da ABRHidro que trabalham ou se identifiquem com a área de Hidrossedimentologia, do envolvimento e esforço conjunto do Poder Público, da Academia e Sociedade como um todo.
A área de Engenharia de Sedimentos é estratégica para o desenvolvimento do País, uma vez que trata de temas como a erosão do solo, o fluxo e a deposição de sedimentos em rios, reservatórios, deltas e estuários, bem como as interações entre as suas características e a qualidade da água. Além disso, o estudo dos sedimentos representa uma importante ferramenta de análise ambiental, social, de segurança nacional e econômica, que a sociedade brasileira enfrenta atualmente. Isto é, dependendo da intervenção do homem no comportamento hidrossedimentológico de uma bacia hidrográfica, severas alterações podem ser notadas nos ambientes aquáticos (flora, fauna, temperatura, pH, turbidez, características químicas). Isso revela o caráter multidisciplinar da hidrossedimentologia (hidrologia, engenharia, química, biologia, geologia, agronomia, saneamento, matemática, física etc.).
Neste contexto, reafirma-se o compromisso com a gestão dos recursos hídricos e a interação dos sedimentos e seu transporte, baseada em ciência, inovação tecnológica e com ações transformadoras, em um cenário complexo, dinâmico e incerto de mudanças globais.
Campo Grande, 05 de outubro de 2022.
Comissão Organizadora XV ENES - 2022
Fonte: ABRHidro
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