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Sumário da água

Blog da REBOB

Ciclo de capacitação p/ irrigantes da bacia do São Francisco se encerra na cidade de Serra Talhada

Ciclo de capacitação para irrigantes da bacia do São Francisco se encerra na cidade pernambucana de Serra Talhada



Atendendo a uma demanda urgente em capacitação de irrigantes como forma de estimular o uso racional e eficiente dos recursos hídricos na Bacia do São Francisco, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) encerrou, na cidade de Serra Talhada, mesorregião do sertão pernambucano, o ciclo de capacitações. As aulas teóricas e práticas ministradas pelo engenheiro agrônomo, especialista na área de irrigação e drenagem e consultor da empresa Água e Solo, Altamirano Vaz Lordelo, aconteceram nos dias 10 e 11 de setembro na Fazenda Mosquito, região das Santanas, no distrito de Caiçarinha da Penha.


De acordo com o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (PRH-SF 2016-2025), quase 80% de toda a água captada na bacia é destinada ao suprimento de sistemas de irrigação. Dentre os principais polos de agricultura irrigada na bacia hidrográfica do rio São Francisco destacam-se como grandes usuários de água a região de Petrolina/Juazeiro, com a fruticultura irrigada; o oeste da Bahia, pela produção de algodão e cereais; o noroeste de Minas, com a cana-de-açúcar e cereais; e a região de Propriá, pela rizicultura (cultivo agrícola do arroz).


Com aproximadamente 90 mil habitantes, distante cerca de 400 km de Recife, o município de Serra Talhada, ao contar com açudes, passou a ter maior disponibilidade de água para a agricultura. Entre eles, o reservatório de Serrinha, com capacidade para armazenar 311 milhões de m³, auxiliando na perenização de um trecho do rio Pajeú, afluente do Velho Chico e permitindo a irrigação.


Além da capacitação, a empresa Água e Solo Estudos e Projetos LTDA. responsável pelas atividades, realizou visitas de reconhecimento que possibilitaram a elaboração do material teórico e as capacitações teórica e prática com conceitos básicos sobre irrigação, sistemas de irrigação: categorias principais, relação água-solo-planta-atmosfera, importância do manejo, principais metodologias para manejo e uso de tensiômetros que foram distribuídos, ao final da capacitação aos irrigantes atendidos. O equipamento possibilita a troca de água entre o interior do tubo e o solo e indica o conteúdo de água presente no solo a partir da tensão matricial.


“O que a diretoria do Comitê está fazendo com essa iniciativa é transformar essa política em programa, de forma que em 2023 consigamos aumentar o número de pessoas capacitadas e assim sucessivamente a cada ano, por que nós entendemos que é possível produzir de forma eficiente, com qualidade e sem desperdiçar água. Quando a gente fala em cuidar da água não significa que meio ambiente não se relaciona com o negócio. Queremos mostrar com essas capacitações que é possível conviver de forma harmônica e eficiente”, explicou o Coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar.


A aula teórica, realizada durante todo o dia de sábado, cumpriu o objetivo de capacitar agricultores e interessados, e instruí-los sobre a instalação dos tensiômetros nas áreas a serem irrigadas, possibilitando a leitura e o entendimento de quando acionar o sistema de irrigação e quando a irrigação deve ser finalizada, a fim de permitir o manejo da água.


A agricultora familiar e presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São José do Belmonte, Josivania Ribeiro, filha de uma família de agricultores, aos 42 anos se manteve na atividade de seus pais, segundo ela, por paixão, e vê na iniciativa do CBHSF uma forma de garantir que os produtores tenham eficiência nas suas plantações e, ao mesmo tempo preservem os recursos naturais. “Sou agricultora desde que nasci, venho de família de agricultores e faço por paixão porque vejo que isso é o futuro. Produzo o que vai me alimentar e alimentar minha família e as cidades, e hoje estamos tendo a oportunidade de participar desses processos para que a gente possa inovar, preservar o meio ambiente com atividades sustentáveis resultando em produções cada vez melhores. É também uma forma de mudar a forma de produção que se faz há 30 anos. Por isso, esse momento é crucial para que a gente possa desmistificar alguns pensamentos e fazer essa geração entender que precisamos recuperar o cuidado que nossos avós tinham em não desmatar, não poluir os riachos. Fico feliz quando a gente volta a ter iniciativas assim e mostrar que é possível conservar a água, proteger o solo e ter uma produção sustentável”, afirmou.


Durante o domingo, os agricultores participaram das atividades práticas, onde aprenderam técnicas capazes de identificar a quantidade de água necessária para cada solo. Para o agricultor Severino Antônio da Silva, as atividades não são comuns na região. “É a primeira vez que a gente participa de uma capacitação e todos nós gostamos muito. Precisamos que venham mais, porque isso sempre vai nos ajudar e orientar sobre como devemos fazer as coisas de forma correta”.



Projeções para o consumo da irrigação


Segundo o diagnóstico do PRHSF 2016-2025, até o ano de 2035 é aguardada a elevação da participação da agropecuária nas economias de boa parte dos municípios da bacia hidrográfica do rio São Francisco, e a utilização da água para irrigação aparece como um dos motores deste cenário onde haverá incremento de receita financeira. No entanto, em contraposição aos cenários esperados, também deve se estabelecer, como consequência, a elevação da pressão sobre a disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do rio São Francisco. O diagnóstico apontou ainda um déficit quanto a capacitação de usuários de água na bacia, o que levou o Plano de Metas do PRH-SF 2016-2025 a recomendar investimentos de forma contínua a fim de capacitar usuários de água.


Para o engenheiro agrônomo, Altamirano Vaz Lordelo, responsável pela capacitação, ao concluir o ciclo de treinamento nas quatro regiões fisiográficas da bacia ficou claro que existe uma alta demanda por qualificação por parte dos irrigantes. “São quatro regiões totalmente diferentes, com culturas e métodos de irrigação diferentes, mas o que toca no mesmo ponto é justamente a utilização de recursos hídricos para a irrigação. Então, treinar e qualificar para que se utilizem dos recursos da melhor forma tem um sentido positivo, porque você está ajudando na preservação, na utilização racional e mais técnica, respeitando o meio ambiente. Essa é a preocupação do Comitê do São Francisco e da Agência Peixe Vivo, que financiou e acompanhou todo o processo. Constatamos também que há uma demanda reprimida para os outros municípios da região, com a necessidade de realizar outros treinamentos semelhantes”, concluiu, pontuando que o treinamento é fundamental para qualificar os irrigantes para que eles utilizem os recursos hídricos de forma mais ordenada, econômica e conservacionista.


Assessoria de Comunicação do CBHSF: TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social *Texto: Juciana Cavalcante *Fotos: Juciana Cavalcante

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