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Sumário da água

Blog da REBOB

Como as Mudanças Climáticas afetam as pessoas?


Layla Agnes Rodrigues

Graduanda em Administração pela FACE- UFMG


“Before the Flood” acompanha a trajetória de Leonardo DiCaprio, ator e produtor hollywoodiano como representante das mudanças climáticas, mostrando o cotidiano do ator em busca de entendimento de como essas mudanças climáticas afetam as pessoas diretamente, junto das condições que levaram a situação atual do mundo além de reunir algumas soluções apresentadas até então pela humanidade.


O documentário traz percepções das mudanças de três pontos de vista extremamente relevantes: dos governos, das organizações, e das populações. Essa união que Dicaprio consegue fazer é muito importante quando se avalia que o problema de aquecimento global afeta a sociedade como um todo, e a solução deste problema cobra ações de todos. É evidenciado neste documentário que tanto empresas, que são cobradas pela sociedade, junto dos governos, que já lidam com problemas ambientais, quanto as população em geral, que são diretamente impactados pelas mudanças do clima, têm certo conhecimento das causas e das consequências do aquecimento global, da poluição do planeta, e da exploração de recursos. Tendo em consideração que já há uma consciência, o documentário evidencia também a negação dessas partes, essenciais para mudança, em atuar em prol de um equilíbrio entre humanidade e o resto do planeta, expondo sabotagens aos movimentos ambientais, discursos negacionistas, influência e controle da opinião pública que afetam diretamente o percurso em busca mudanças.


Before the Flood explana também a relação exploratória de empresas e governos, principalmente nos países "subdesenvolvidos" onde a fiscalização é menor ou mais suscetível a fraudes, onde grandes quantidades de recursos são extraídas, gerando impactos imensos ao em países “subdesenvolvidos” com convenção destes países, e levando lucro grandes empresas dos países “desenvolvidos”. Essa relação tem como exemplo o corte de queima de florestas tropicais no sudeste da Ásia, para cultivo de plantas que produzem o óleo de palma, um ingrediente relevante para produção de alimentos processados de grandes organizações privadas presentes no mundo todo, principalmente em países “desenvolvidos”. Essa explanação traz a necessidade de uma reflexão se um modelo que estabeleça critérios iguais para avaliação dos impactos ambientais dos países do mundo todo vai ter um impacto que realmente seja relevante em todos os países, sendo que existe uma relação exploratória entre países “desenvolvidos” e subdesenvolvidos”


No documentário DiCaprio vai a Índia e a China avaliar a situação desses países que são grandes poluidores, ao lado dos Estados Unidos, ele vê uma diferença gritante no cenário desses países para o estadunidense. Enquanto esses países sabem claramente do problema, sendo diretamente afetados por eles e buscando solução para as mudanças climáticas, ainda lutam com pobreza extrema e uma população sem acessos básicos, os Estados Unidos lutam com negacionistas e falta de interesse na pauta climática por parte de empresas e representantes políticos. Visto sucateamento de populações inteiras em prol de uma produção que é direcionada a outros países e/ou pessoas de uma classe social mais abastada dentro do país o documentário mostra a necessidade de não só países em desenvolvimento lutar por uma mudança das empresas e organizações perante a mudança do clima, precisa-se de clareza no processo de mudanças, algo que um modelo como o proposto Juliano Almeida de Faria, José Célio Silveira Andrade, Sônia Maria da Silva Gomes em “Evidenciação das Ações Diante das Mudanças Climáticas nos Relatórios das Empresas Participantes do Carbon Disclosure Project (CDP) Brasil” no que diz respeito às mudanças climáticas. Mas como o documentário bem mostra, a mudança do clima não é só um problema de meio ambiente, envolve também questões de consumo, de distribuição de renda igualitária, de dar acesso a toda população aos resultados dessa mudança. Não adianta uma empresa somente publicar quais as mudanças ela fez em benefício do ambiente, os produtos revolucionários como um fogão de indução que não usa fogo, logo não precisa de gás ou carvão, é mostrar também quantas famílias irão ter acesso de fato a essa tecnologia revolucionária, e quanto isso vai mudar o cotidiano das pessoas.

Vale ressaltar que o modelo proposto não é de forma alguma ruim, só não é o suficiente, assim como diversos outros documentos importantes, tendo exemplo do tratado de Paris, não são ruins, são somente insuficientes, e tem de ter esforço para desenvolver políticas e ações realmente impactantes, que levem soluções não só para quem tem acesso a consumir hoje diversos produtos e pode optar comprar aquele que não afeta o ecossistema da terra, mas também as pessoas que nem sequer podem consumir algo, como parte da população (sendo essa porção maior que a população de todo Brasil) da Índia que hoje que não tem acesso nem a energia elétrica, onde essas pessoas podem optar por um fogão a indução se elas sequer têm energia elétrica para ligar tal fogão. O problema é estrutural e conjunto, é social, econômico, político e ambiental, e temos que cobrar de todas as partes transparência e resultado perante esse problema, e o modelo proposto é só uma pequena fatia da solução.


Tendo em vista que existe uma clara desigualdade entre os países, cabe também evidenciar que soluções para o problemas ambientais vão ter complexidades diferentes para cada país do mundo, sendo que além de considerar questões de desigualdade, deve se evidenciar também grau de desenvolvimento do país, questões sociais relevantes, estilo de vida padrão, características naturais e geográficas do país, entre outros mais aspectos que não são iguais. Ao levar em consideração as diferenças do problema estrutural as atuações e mudanças por uma relação saudável entre humanidade e planeta terão consequências equitativamente benéficas, produzindo assim uma eficácia conjunta.


Por um outro lado o artigo Impactos das mudanças climáticas no sistema turístico: o caso brasileiro” mostra impactos que a mudança do clima terá no turismo brasileiro, mudanças essas que podem muito bem já serem reais, como já são em outras partes do mundo, em ilhas paradisíacas que eram consideradas ótimos destinos de férias e hoje podem se quer comportar sua população com o que sobrou de suas terras que ainda não foram alagadas. É por isso que novos modelos de evidenciação de impacto as mudanças climáticas devem ser abrangentes em vários âmbitos, conhecemos já o quanto as empresas participantes do Carbon Disclosure Project fizeram pelo ambiente, mas e as que não participam? Por que não participam? Qual o impacto é mais relevante no meio ambiente, as empresas que mudaram a postura ou as que não mudaram? Claro que esse problema é muito grandioso dentro de um país que sequer tem uma leitura desses impactos e quando tem é questionada por políticos negacionistas, pois mostra o quão grande o problema realmente é.


Por fim, a visão pessimista que DiCaprio mostra no documentário é completamente entendível quando se entende a dimensão do problema, e principalmente a proporção de negacionismo, ataque a ciência, e falta de responsabilidade agindo para esconder e apagar o problema, o que com certeza não vão encaminhar uma solução. Fica claro que existem modelos, existem estudos, ainda poucos para realmente solucionar, mas enquanto houver negacionismo, a aplicação do mínimo não pode ser vista na prática, quem dirá então aplicação ampla de ações para uma solução efetiva.



Referências:


FARIA, J. A.; ANDRADE, J. C. S.; GOMES, S. M. S. Evidenciação das Ações Diante das Mudanças Climáticas nos Relatórios das Empresas Participantes do 'Carbon Disclosure Project' (CDP) Brasil. Contabilidade Vista & Revista, v. 31, n. 2, p. 95-127, 2020.

GRIMM, I. J. Impactos das Mudanças Climáticas no Sistema Turístico: O Caso Brasileiro. CadernoVirtual de Turismo, v. 19, n. 1, p. 1-14, 2019.

Filme: Before the Flood (2016, 1h:35min)

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