Como instrutora do tema Sustentabilidade, converso com muitas pessoas interessadas no assunto e, com certa frequência, escuto a dificuldade que elas têm em atender as demandas por uma vida sustentável e, pior, a culpa que carregam por acharem que estão longe de contribuir com o meio ambiente e serem minimalistas. Elas se sentem responsáveis por mudar o que ainda não têm consciência ou disposição de o fazer.
O Minimalismo, por definição, diz do viver com o mínimo, do carregar consigo aquilo que, de fato, é importante e essencial. Um conceito fundamental para contrapor uma sociedade que vive - e sobrevive - do fundamentalismo de mercado e se retroalimenta com o ciclo - extração, produção, consumo. Sem dúvida, esse modelo é o que faz a economia girar, mas seu excesso e frieza trazem profundas alterações ambientais e desigualdades sociais. Sim, o Minimalismo apresenta novas formas de viver, com mais consciência e conexão, de forma a contribuir consigo e com o planeta.
Dentre as pessoas que conversei durante minhas aulas, estão Giovana e Paloma. Giovana tem 43 anos, leu alguns livros sobre Sustentabilidade e vida sustentável, e segue páginas nas redes sociais que falam de minimalismo. Ela entende a urgência de se engajar cada vez mais com práticas sustentáveis, mas sente que é quase impossível fazer uma mudança tão radical “nesta altura da vida”.
Paloma tem 55 anos e quando conheceu o conceito do Minimalismo, sentiu que todo seu esforço em economizar água em sua casa era muito pouco para chegar a contribuir com alguma coisa. Ela coleta água da chuva, reaproveita a água da máquina de lavar, fecha o chuveiro ao se ensaboar e, além disso, cuida do lixo e faz trabalhos sociais. Ao final da conversa ela diz que sente-se muito longe do “ideal”.
Esses dois exemplos ilustram um pouco do que tenho escutado nos últimos meses. Em resumo, todos entendem a necessidade de se falar em MINIMALISMO e a importância de introduzir práticas minimalistas no dia a dia. Entretanto, o termo traz algumas dificuldades para quem ainda está se familiarizando com o tema.
Existe uma teoria que quanto mais longe formos, mais longe estaremos. Isso quer dizer que ao fazermos ações extremas, com vias de mudar uma realidade, tal realidade pode até mudar, mas aos poucos. Falando sobre uma vida mais sustentável, na maioria das vezes, mesmo a pessoa entendendo e concordando com as práticas, ela não consegue, num curto espaço de tempo, fazer uma brusca mudança num modelo de vida enraizado e aceito pela sociedade.
Ou seja, é fundamental reforçar a ideia do “viver com o mínimo”, mesmo que os resultados não sejam imediatos, eles estão acontecendo. Entretanto, para não criarmos um constrangimento e distanciamento entre aqueles que estão começando a conhecer o tema, falemos de MENOMALISMO.
Criei o termo Menomalismo para, justamente, falar de algo próximo e factível para quem quer mudar seu padrão de consumo, mas ainda está longe de ser minimalista. Apresento esse termo em minhas aulas como o início da jornada Minimalista. Meno - é consumir menos, Meno - é causar menor impacto. As pessoas precisam se sentir abraçadas pela Sustentabilidade, não sentir culpa e começar com aquilo que podem, tendo consciência da trajetória. Eu sempre digo: se conseguirmos falar um NÃO a cada dia - para uma compra desnecessária, uma embalagem reciclável em lixo comum, o desperdício de água -, a consciência vai se formando cada vez mais e, com o tempo, isso se tornará automático. Menomalismo é um estímulo para que as pessoas iniciem a jornada, sem pensar ou se comparar àqueles que estão noutro momento e entendimento. “Um passo para trás para darmos dois para frente”. Luana Ferreira Jornalista, Psicopedagoga, Especialista em Responsabilidade Social e Gestão Ambiental. Fundadora da empresa Sair do Casulo e da loja que leva o mesmo nome. Consultora e Palestrante. Líder Climática e Multiplicadora B. 15 anos de trabalhos e estudos em impacto social e ambiental. Mestre em Reiki. Escritora e cantora.
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