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Sumário da água

Blog da REBOB

Valorizar a água é essencial à vida!!!!


lago, barragem e comportas do Reservatório do São Francisco em Paulo Afonso Fonte: Geny Formiga Abril2022

Geny Formiga


Nasci e me criei numa cidade abençoada por Deus!


À época, apesar de estar inserida no sertão nordestino, tínhamos Água em Fartura.


Não sabíamos o que era faltar água, não pagávamos por ela e nem sabíamos como ela chegava à nossa casa. Vivíamos no “paraíso”. Totalmente alienados!


... a cidade arrodeada de água! ... uma das usinas hidroelétrica e o cânion do São Francisco


Em frente à nossa casa havia uma estação de tratamento de água. Conhecíamos todos os operadores do sistema porque costumávamos brincar nos filtros!!! Era como chamávamos a estação. Corríamos pelas paredes que dividiam os diversos tanques de cada etapa do tratamento. Graças a Deus nunca caímos. Deus protege as crianças!


Hoje eu sei do que se trata e qual a sua importância!


Falo da cidade de Paulo Afonso, na Bahia, mas especificamente do Acampamento - área de segurança nacional - da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), aonde nasci e vivi até os 15 anos.


No Acampamento, tínhamos direito a habitação com água, luz, esgotamento sanitário, coleta de resíduos sólidos, (não sei o destino nem se era tratado...) e dependendo do cargo e responsabilidade do funcionário, telefone!


Meu pai e demais moradores do Acampamento, pagavam uma taxa simbólica pelo uso da casa e toda infraestrutura. Tínhamos outros benefícios tais como, educação, saúde, segurança, lazer, mas não dávamos notícia do que se passava no mundo, a menos das informações que recebíamos da Administração cuja gestão era exercida por oficiais militares.


Mas não era assim para todos os que trabalhavam na CHESF. Com a expansão das obras e dos empregos, muitos funcionários moravam fora do acampamento, na Vila Poti.


Paulo Afonso, antes da CHESF se instalar, era Distrito do município de Glória/BA. Depois, em 28 de julho de 1958, foi emancipada. Os moradores do Acampamento, na sua grande maioria não dependiam de quase nada de fora do mesmo. Lá tínhamos armazém (um supermercado que vendia de tudo, até tecido), farmácia, padaria, açougue, igreja de São Francisco, dois clubes para o lazer dos que se associavam, além da cachoeira de Paulo Afonso e do rio São Francisco.


Clube Paulo Afonso (CPA) Clube Operário Paulo Afonso (COPA) Fonte: https://pin.it/7lBL0aG Fonte: Site Câmera Municipal de Paulo Afonso


Desde muito pequena eu já dizia que seria desenhista e papai me corrigia dizendo que não era desenhista e sim, engenheira.


A um certo momento da vida as crianças, se quiséssemos seguir nos estudos, tínhamos que sair para “estudar fora”; em Salvador ou Recife, escolha mais usual, ou para outra capital do Nordeste. Aos 16 anos vim estudar em Natal/RN, mas sempre passava as férias na minha cidade, enquanto meus pais moraram lá, até 1976. Fiz o curso cientifico e o de engenharia civil.


Quando conclui o curso de graduação, recebi convite do professor de Mecânica para fazer um mestrado em Barragens, na Bélgica. Mas infelizmente não tinha o conhecimento necessário da língua inglesa. Àquela época nem todos tinham a condição financeira de fazer um curso de inglês. E assim a oportunidade passou!


Mas tive outras: uma delas foi a de voltar para minha cidade com emprego garantido na CHESF, como engenheira civil, promessa da Administração à época, para os que, nascidos em Paulo Afonso fossem os primeiros a se formar.


Também tive convite para ir trabalhar no município de Jaciara (MT), que conheci quando participei do Projeto Rondon; antes de concluir o curso, passei no concurso do Banco do Brasil, como escriturária; passei 2 anos recusando assumir pois só me interessava ser engenheira; e, dentre as escolhas da vida, escolhi permanecer em Natal e fui trabalhar na área de saneamento, mais especificamente, abastecimento de água e esgotamento sanitário, minha eterna cachaça!!!


Posteriormente, muito tempo depois, ingressei na área dos recursos hídricos.


E aí me deparei com muitos fatos que me reportaram à minha infância e à desinformação!


Não sei se pelo fato de trabalhar na companhia prestadora dos serviços de abastecimento de água no Estado, sempre tive a curiosidade de saber de onde vinha a água que chegava à minha residência. E ainda hoje me admiro de ver que a grande maioria das pessoas nem sonha de onde vem a água que bebe! E menos ainda qual o tratamento e o destino final que é dado aos efluentes e resíduos sólidos.


A menos, aqueles que muitas vezes precisam botar uma lata na cabeça (as mulheres, principalmente) e ir atrás da água para a sobrevivência da família. Esses sim, sabem de onde vem a água que bebem e utilizam!


Só quando abrimos a torneira e a água não vem é que percebemos, momentaneamente, a sua importância! E que existe, por trás daquela torneira, responsáveis prestadores de serviço colocando-a em nossas mãos, em quantidade e qualidade para nosso uso.


Não damos o devido valor ao bem mais precioso da humanidade: a água, que surgiu a milhares de anos, é o berço da vida e a garantia da sobrevivência, define os contornos da Terra, desce montanhas, percorre planícies e reflete o céu na serenidade dos lagos. A água é um material maravilhosamente único, é o ouro do século em que vivemos.


A disponibilidade de água em regiões semiáridas continua correndo sérios riscos de colapso. No Brasil esse efeito pode ser desastroso se não for administrado de forma estratégica. A gestão integrada participativa e compartilhada para o uso adequado da água deve se constituir em ações que transcendam governos e que façam parte da agenda da sociedade brasileira, caso contrário, estaremos comprometendo definitivamente o bem-estar da população, o crescimento econômico e a condição de habitabilidade do País.


A área do semiárido susceptível aos efeitos da seca apresenta vulnerabilidade a períodos cada vez mais longos de estiagens e desertificação - efeitos provocados principalmente pelo fenômeno de aquecimento global e pela atividade degradadora de destruição da caatinga e matas ciliares dos rios - e mesmo nas áreas mais ricas e mais ocupadas onde se vislumbra crescimento, potencializado pela implantação de grandes empreendimentos com potencial desenvolvimento das regiões também se vislumbram graves impactos para as reservas, principalmente de águas superficiais e subterrâneas caso não sejam garantidas a sua proteção.


Da mesma forma, a gestão dos serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos e de drenagem urbana e manejo das águas pluviais deve garantir a universalização do acesso, a integralidade, a articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, a eficiência da prestação dos serviços e sustentabilidade econômica, dentre os vários princípios básicos e fundamentais estabelecidos na legislação em vigor.


Se por um lado, as soluções tecnológicas devam ser inovadoras, por outro devem ser eficazes e eficientes e estarem voltadas para questões de saúde pública, segurança da vida e de proteção do meio ambiente


Os recursos hídricos são limitados e têm um papel significativo no desenvolvimento econômico e social. O crescimento populacional e econômico tem levado o homem a explorar de forma predatória os recursos naturais, em geral, e os recursos hídricos, em específico.


Não se admite a exclusividade no uso dos recursos hídricos, de tal modo que o usuário deve respeitar os direitos dos demais usuários, no que se refere a qualidade ou a quantidade. A água existente no mundo é um recurso natural não renovável. O uso inadequado dos Recursos Hídricos acaba sendo uma apropriação pelo poluidor dos direitos dos outros e em muitos casos à própria vida.


Então, vamos partilhar, cuidar, poupar e conservar a água!!!

Maria Geny Formiga de Fariasnascida em Paulo Afonso/ Bahia. Engenheira Civil (UFRN) pós-graduada em: Engenharia de Sistemas (UFRN); Engenharia Sanitária (FSP/USP) e Gestão de Recursos Hídricos (UFSC e UFAL). Ingressou na CAERN em 05out1977 tendo exercido cargos de chefias em unidades, gerencias e diretorias nas áreas de projeto, pesquisas, obras, operacional, entre outros. Desde 1985 é membro da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES/RN) tendo ocupado cargos de secretaria, tesoureira, vice-presidente e presidente. Na ABES Nacional foi conselheira. Exerceu outras funções: Vice-presidente da Associação dos Servidores da CAERN; Assessora Técnica da Secretaria de Governo e de Projetos Especiais do RN; Diretora Geral do Instituto de Gestão das Águas do RN (IGARN).

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